quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Uma Estrela.





Uma estrela flutuou e entrou pela persiana aberta de minha janela. Uma estrela branca, um floco de neve. Mas como um floco de neve poderia aparecer a essa época do ano, se estamos em pleno verão? Não sei, talvez seja só a madrugada.

Existem tantas coisas que ainda não sei, tantas coisas que estou longe de entender. Levando em conta minha idade já deveria saber de muitas coisas, entende-las melhor. Mas não, passo por essa vida sem dela retirar muitos ensinamentos. O tempo não para, e eu parada no ar sem saber aonde ir.

Semana passada encontrei com um antigo amigo de colégio. Quanto tempo fazia? Sete, treze, noventa anos que tudo tinha passado? . Nem me lembro direito desse tempo. Todos tão juntos, promessas que o tempo não nos separaria, a turma que sempre estaria unida.

O tempo passou e o que aconteceu? Encontro com um ou outro em ocasiões extremamente separadas. Sorrisos, às vezes uma cerveja, um sorvete, uma conversa. Engraçado, sempre algo frio. O tempo passa e leva com ele pedaços de nós.

Meu amigo me disse que estava bem, trabalhando muito, falta de tempo sempre presente, mulher, filhos, casa na praia. – “Qualquer dia apareça, vamos reunir a velha turma! O que anda fazendo?” - O que ando fazendo?! Reunir a velha turma?! – “Vamos marcar um próximo encontro, te apresento meus filhos, minha esposa.” – Provavelmente nunca mais nos veremos, ou quando nos esbarrarmos novamente o tempo terá me levado de sua memória para um já não reconhecimento. O tempo carrega pedaços da alma, espelhos do que se foi.

Acendo um cigarro, sentada na cadeira olhando para a janela com as persianas abertas. Uma lágrima escorre de um olho, não consigo segurar a melancolia. Lentamente outro floco de neve entra por um das persianas abertas, vem flutuando até cair na palma de minha mão. Branco, brilhante, quente. Seria mesmo uma estrela?

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