A frase que Alan Moore coloca como a pergunta chave de uma de suas obras primas
aqui aparece como uma proposição. Uma sentença que você pode colocar como um
apontar de dedos para o clássico culpado pelos males e conflitos do mundo.
Desde a destruição das florestas tropicais até às sucessivas e, infelizmente,
banais micro e macro guerras que tornam sacais os noticiários. Os assassinatos,
a deterioração do intelecto jovem, as desertificações e o aquecimento global, a
iminência de uma nova forma de pandemia.
Somos exatamente aqueles que deveriam estar na ativa, perguntando e
questionando, forçando a justiça a ser feita, tornando a revolta uma arma, mas
também um escudo, pois a revolta consciente, fruto de uma educação consolidada
e arraigada em um espírito vivaz e aventureiro, é uma força tão intensa e
transformadora quanto a força da água.
O termo “vigilante”,
para as autoridades e para o direito penal de vários países, incluindo o nosso,
designa cidadãos que tomam para si o dever de exercer e fazer valer a justiça
prevista pela Lei vigente no Estado, obrigação do próprio Estado, incumbência
exclusiva do mesmo. Em outras palavras, o vigilante é um vingador. Um citadino
cansado de esperar que o lento malabarismo das autoridades em achar buracos na
Lei cesse, impedindo que tais autoridades achem motivos para não trabalharem.
No contexto das noções distorcidas da nossa sociedade, o vigilante é um
bandido, passível de ser preso e condenado tal como supostamente o algoz
vingado também o é. No nosso contexto, o vigilante é um herói. O único disposto
a dar sua vida para fazer o trabalho sujo que ninguém quis fazer enquanto era
limpo.
Hoje, tudo está
fosco, turvo por uma nuvem de inverdades e maquinações “propagandescas“
manipuladas por não se sabe quem. Talvez o mundo esteja mesmo caindo em um
aumento entrópico na busca de desacelerar, um grito final por ajuda, um pedido
de socorro. Um mundo precisa de vigilantes, pois eles são as medidas extremas
que surgem em situações extremas.Perceba, sempre que uma guerra está para surgir,
o mundo passa por uma crise. A crise por territórios nas colônias da África
antes da Primeira Guerra Mundial de 1914. A crise de 1929, com a queda da Bolsa
de Wall Street pouco menos de uma década antes da Segunda Guerra Mundial. A
Revolução Cubana e a caça às bruxas instaurando o medo, somando-se à terrível
guerra psicológica taxada pela história de Guerra Fria que culminou em
conflitos sangrentos como a Guerra do Vietnã, uma verdadeira luta de Davi
contra Golias onde o Davi manteve a tradição da vitória, claro, a seu preço.
Diante dessa possível
verdade, o que se pode esperar como fruto do que os jornais nomeiam de crise
Econômica Mundial? Não há como saber. Imagino que você, meus queridos, não
tenham muita ideia do que possa ter ocasionado a tal da crise, ou sequer
entendam por que raios ela quebrou os dois joelhos da nação economicamente mais
forte do mundo. Semana passada a Coréia do Norte descumpriu sanções da ONU e
fizeram testes com mísseis de longo alcance que tiraram fino no Japão e disseram
o que todo mundo sabe ser mentira: “foi o lançamento de um satélite”. Não há
satélite algum na órbita prevista na exosfera e nenhum sinal de satélite novo
captado pela tecnologia de telecomunicações. Não se pode afirmar nada a
respeito do futuro. O futuro não existe. E, como dizem, o passado já não existe
mais. O mundo certamente caminha para o caos e o caos tende a aumentar. Só há
como tentar ter o poder de controle sobre algo no mundo, na nossa vida se
soubermos onde estamos, por que estamos aqui e se nosso contexto realmente
precisa de nós. Não há como arrumar uma casa que está no escuro. Precisamos
acender as luzes. E a luz do mundo é o pensamento, a virtude, a vontade de
excelência, mãe da civilização, a ânsia por fazer bem feito mesmo a tarefa mais
simples, mais singela e, aparentemente mais inútil.
Penso que essa
excelência que os antigos gregos chamavam de Areté foi substituída por uma
preguiça enorme de pensar. Pois quem pensa toma posse do próprio destino. E que
tem o controle de si mesmo sabe para onde está indo e reconhece a mentira e a
manipulação, luta contra a injustiça, sabe falar, sabe argumentar e facilmente
vence guerras e conflitos sem desferir sequer um soco, quem dirá um tiro. Quem
sabe pensar não precisa de exércitos, territórios, estratégias bélicas nem
armas nucleares. Não é a toa que a censura é o primeiro recurso de uma
ditadura. Calar as vozes inteligentes é o caminho mais fácil para o domínio.
A pergunta que lhes
faço, tentando não fugir do nosso assunto depois de tantos aparentes rodeios é:
“Quem são os vigilantes?”. Há como evitar o mal que possivelmente se aproxima?
Eu posso fazer algo para evitá-lo?
Só peço, meus amigos,
meus queridos, que pensem. Mesmo que ao final de suas reflexões, a escolha seja
a de não se importar com o caminho das coisas, com os rumos do mundo. Pensem e
busquem pensar mais ainda no sentido de você estar aqui, mesmo que ao final de
suas reflexões a conclusão seja a de que não há sentido algum. Porém, entenda
que , se não há sentido em estar aqui, é perfeitamente verossímil o poder que
você tem de construir um sentido. Pense sempre que, já que você está aqui
mesmo, não custa nada tentar ser o melhor. Assuma sua vida e o seu papel. Pois
você que o mundo está chamando. Você é o vigilante. Dê um passo a frente e tome
posse da sua vida antes que o sistema, os cinzas ou seja lá quem for que esteja
por trás de toda a bagunça tome. Construa sua mente, seu pensamento. Construa
uma idéia, um objetivo e inclua o mundo ao seu redor nesta idéia. Busque
torná-la real e se surpreenderá positivamente com o pouco dela que de fato se
concretizar. Vai ver que pode muito mais. Construa seu próprio ser, leia, saiba
o que está acontecendo ao seu redor e acredite no efeito borboleta, que uma
ação mínima pode resultar numa seqüência de eventos imprevisíveis capazes de
transformar tudo. Se não der certo, pelo menos você vai saber que a escolha foi
sua e de mais ninguém. E acredite, as pessoas ao redor se lembrarão do herói,
não do vigilante.
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