sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ossos do Ofício.

Por Carlos Alberto Nascimento.

Um Estrangeiro em Uma Cidade em Movimento

Eu olho para a cidade em que vivo
E não reconheço seu rosto
Talvez por que ela não deve ter um rosto fixo
E sim vários rostos e formas variadas.

Mesmo assim me dói não conhecê-la,
Pois não conheço o nome de suas ruas,
Sinto-me um estrangeiro vivendo neste lugar.

Eu olho para a cidade que me observa
Tão atenta a meus movimentos
Quando caminho sem atenção
Por suas ruas vazias.

Eu defloro a cidade com minha falsa pureza
Sem ter nenhuma pretensão
Em transformar algo de mim em prazer.


Ossos do Ofício

Ela chora de saudade
E clama por uma cidade
Que não nos olha de frente.

Eu me deito no chão
Sinto as pedras e as agulhas
Que aos poucos me penetram
E tornam-se ossos de reserva.

Deito, e lembro de um sonho
Que tive noite passada
E penso em transformá-lo em filme.


Visões

Pedras em meus olhos
Me fizeram ver
Vermes mastigando músculos
E pedaços de cérebro jogados na areia.
A terra apodrece a cada volta
O sol se torna distante
E ao recuar queima pele e cabelos
De seres que não mais respiram.
Tudo se tornou oco e frágil
Tudo se parte como o tempo
Somente o vento permanece sólido
Em minhas mãos.





Res Dubia, Reinaldo!

A lua flutua entre as quatro paredes de meu quarto
Os prédios crescem muros aqui dentro
Crescem alto e eu penso grande.

Jesus cristo me olha e me aponta dois dedos (como se fosse arma)
Eu crio monólogo e digo o que penso
Sinto e sobre todas as perguntas não respondidas,
Ele me observa sem responder
Mas repentinamente diz que tenho que enxergar.

De minha janela vejo que o mar esta fechado para reformas,
Me pergunto que grandes mudanças farão (faremos).
Carros passam rápido
E o verde desliza pela paisagem.
Sinto que um outro mundo está mais próximo de mim agora
Mas revoluções dissolvem-se em meus dedos
Como se fosse água.

Meus amigos estão cada vez mais distantes e sérios
Todos com empregos fixos nos bolsos.
Eu continuo sentado fazendo versos
E me perguntando se isso poderia ser considerado poesia.

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