Por Carlos Alberto Nascimento.
Um Estrangeiro em Uma Cidade em Movimento
Eu olho para a cidade em que vivo
E não reconheço seu rosto
Talvez por que ela não deve ter um rosto fixo
E sim vários rostos e formas variadas.
Mesmo assim me dói não conhecê-la,
Pois não conheço o nome de suas ruas,
Sinto-me um estrangeiro vivendo neste lugar.
Eu olho para a cidade que me observa
Tão atenta a meus movimentos
Quando caminho sem atenção
Por suas ruas vazias.
Eu defloro a cidade com minha falsa pureza
Sem ter nenhuma pretensão
Em transformar algo de mim em prazer.
Ossos do Ofício
Ela chora de saudade
E clama por uma cidade
Que não nos olha de frente.
Eu me deito no chão
Sinto as pedras e as agulhas
Que aos poucos me penetram
E tornam-se ossos de reserva.
Deito, e lembro de um sonho
Que tive noite passada
E penso em transformá-lo em filme.
Visões
Pedras em meus olhos
Me fizeram ver
Vermes mastigando músculos
E pedaços de cérebro jogados na areia.
A terra apodrece a cada volta
O sol se torna distante
E ao recuar queima pele e cabelos
De seres que não mais respiram.
Tudo se tornou oco e frágil
Tudo se parte como o tempo
Somente o vento permanece sólido
Em minhas mãos.
Res Dubia, Reinaldo!
A lua flutua entre as quatro paredes de meu quarto
Os prédios crescem muros aqui dentro
Crescem alto e eu penso grande.
Jesus cristo me olha e me aponta dois dedos (como se fosse arma)
Eu crio monólogo e digo o que penso
Sinto e sobre todas as perguntas não respondidas,
Ele me observa sem responder
Mas repentinamente diz que tenho que enxergar.
De minha janela vejo que o mar esta fechado para reformas,
Me pergunto que grandes mudanças farão (faremos).
Carros passam rápido
E o verde desliza pela paisagem.
Sinto que um outro mundo está mais próximo de mim agora
Mas revoluções dissolvem-se em meus dedos
Como se fosse água.
Meus amigos estão cada vez mais distantes e sérios
Todos com empregos fixos nos bolsos.
Eu continuo sentado fazendo versos
E me perguntando se isso poderia ser considerado poesia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário