quinta-feira, 22 de novembro de 2012

ENTRELINHAS DA PERDIÇÃO.




Matilha

Nomeados
os lobos,
desembanhei os caninos
          – incógnitos
e ensaiei a dança
solitária
do uivo
na imensidão austral.



Entrelinhas da Perdição

Farfalha o sargaço
no remanso
desse mar extinto,
despido de surpresas.

Perde-se o sal 
nos lábios
ingênuos 
que recolhem o sabor
da morte
triturada
― pacientemente ―
como uma esperança.



Paranoia

O minuto dividido
em sessenta pressentimentos.



Meu Corpo

Para Berredo de Menezes

Meu corpo
é essa areia
rarefeita
que parte
do deserto
e impregna
as pétalas.

Meu corpo
é um grifo nas dunas
que se desfazem
em Mundo.

Meu corpo
é a velhice de um tempo
desabençoado
pelo silêncio.

Meu corpo
é a textura vulgar
de um remendo
da insensatez.

Meu corpo
é pressentimento
de moeda
que dissolve o pecado.

Meu corpo
é bojo de névoa
ruminada no pasto.

Meu corpo
é a universalidade
de um nada carente
de sentido.

Meu corpo
exilado na descrença
                                jaz
no giral de ofertas
de um supermercado.

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